Estudo da Fipe mostra que quanto mais alto o índice de preconceito e discriminação nas escolas, mais baixo é o rendimento de seus alunos
A pedido do Ministério da Educação, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) realizou em 2009 uma ampla pesquisa nas escolas públicas do país, municipais e estaduais, e constatou: nossa comunidade escolar é amplamente preconceituosa. 99, 3% dos entrevistados admitiram ter um ou mais tipos de preconceito. Negros, pobres e homossexuais são os que mais sofrem com as práticas discriminatórias.
José Afonso Mazzon, coordenador da pesquisa
(Foto: Divulgação)
O professor José Afonso Mazzon, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), que coordenou a pesquisa admite: “Ficamos todos surpresos com a forma como o preconceito e a discriminação estão arraigados em nossa sociedade, em nossas escolas. Na verdade, o ambiente escolar que deveria ser um espaço de transformação e mudança, não exerce esse papel. Apenas reproduz o preconceito que esse aluno já traz de casa.”
Segundo ele, a pesquisa tomou por base a avaliação dos alunos na Prova Brasil, nas disciplinas de Português e Matemática, e um dado igualmente alarmante surgiu: existe sim uma relação direta entre a prática de bullying e o baixo desempenho escolar: “O preconceito motivado por cor da pele, classe social, opção sexual ou seja lá qual outro motivo for faz com que essa escola apresente altos índices de bullying. Inversamente, essa escola apresenta um baixo índice no desempenho escolar de seus alunos. Ou seja, o bullying gera um ambiente que não é nem um pouco favorável ao aprendizado.”
Para Mazzon, o alerta foi dado. Não dá mais para fechar os olhos para essa triste realidade da intolerância ao que se julga “o diferente”. Para mudar a situação, acredita ele, o trabalho será longo. Algo em torno de mais duas gerações até que se consiga uma mudança, aposta ele. E não cabe só à escola essa árdua missão. Deve haver uma mobilização de todos os agentes da sociedade, seja família, igreja, minorias organizadas, políticos: “É preciso encaramos essa realidade se quisermos enfim mudar o cenário, vivermos em uma sociedade menos preconceituosa e termos uma escola mais agradável e propícia ao conhecimento e ao bom desempenho.”
Veja abaixo a taxa de alunos que relataram ter conhecimento de alguma situação discriminatória (bullying) sofrida pelos alunos apenas por fazerem parte de um determinado grupo:
Negro: 19,0 %
Pobre: 18,2 %
Homossexual: 17,4 %
Mulher: 10,9 %
Morador de periferia ou favela: 10,4 %
Idoso: 9,0 %
Deficiente Físico: 8,0 %
Deficiente Mental: 7,8 %
Morador de área rural: 7,4%
Índio: 3,9 %
Cigano: 3,5%
(Fonte: Pesquisa Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar, realizada pela Fipe)
Pobre: 18,2 %
Homossexual: 17,4 %
Mulher: 10,9 %
Morador de periferia ou favela: 10,4 %
Idoso: 9,0 %
Deficiente Físico: 8,0 %
Deficiente Mental: 7,8 %
Morador de área rural: 7,4%
Índio: 3,9 %
Cigano: 3,5%
(Fonte: Pesquisa Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar, realizada pela Fipe)
(Disponível em: http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/noticia/2011/06/pesquisa-comprova-que-bullying-provoca-baixo-desempenho-escolar.html)
Por Igualitariosmsul03
Poliana Rodrigues dos Santos e Elisangela Lopes Admiral
Esta pesquisa foi realizada em 2009. Você acredita que o preconceito nas escolas diminuiu?
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