A EDUCAÇÃO CONTRA O RACISMO
José Sérgio Rocha
O que a Educação pode fazer para sepultar o racismo? Essa pergunta foi feita na lata a dois intelectuais e polemistas pra lá de respeitáveis: Nei Lopes e Demétrio Magnoli. Discordam em quase tudo o que diz respeito à questão, começando pela política de cotas. Mas concordam num ponto: o racismo deve ser combatido nas salas de aula.
Ambos oferecem argumentos substanciais aos leitores de seus artigos, publicados com frequência em grandes órgãos da imprensa.
Aspas para Nei Lopes, que nos anos 1970 trocou a carreira de advogado para tornar-se um dos grandes nomes da música popular brasileira. Ensaísta, ficcionista, dicionarista e militante pelos direitos civis dos afrodescendentes, ele propõe:
– O que a Educação pode e deve fazer é desconstruir o racismo. Primeiro, admitindo que a África foi berço de civilizações importantes, que influíram decisivamente nos destinos da Humanidade. Admitindo isso, vamos deixar de estudar o contexto africano apenas a partir da escravidão instituída pelos europeus e a partir de sua ação imperialista e genocida. Esse é o ponto fundamental: estudar, ensinar a História da África. A partir daí é que vai se começar a levantar a autoestima do povo negro e desconstruir o racismo, inclusive abrindo a Universidade aos afrodescendentes, para que nós sejamos, de fato, as vozes dessa revelação.
Aspas para Demétrio Magnoli, sociólogo, doutor em Geografia Humana pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, que propõe:
– A Educação pode contribuir para o combate ao racismo se as aulas de Biologia forem bem ministradas. Elas mostrarão que a crença em raças humanas é um fruto da ignorância. A Educação pode contribuir para o combate ao racismo se as aulas de História forem bem ministradas. Elas mostrarão que o racismo é um produto histórico recente, do século XIX, e que a raça é uma invenção do racismo. Acima de tudo, a Educação pode contribuir para o combate ao racismo se a escola for um espaço de afirmação da cidadania, cuja base é o princípio da igualdade perante a lei. Mas, no Brasil das cotas raciais e da classificação racial compulsória dos estudantes, a escola tende a se converter num espaço de fabricação da crença em raças. Apesar da Biologia e da História.
E você, o que acha?
Fonte: Blog Quem é vivo sempre aparece
Publicado em 25 de agosto de 2009
Disponível em:http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/cidadania/0124.html
Acesso em 06/12/2011
Por Cecília Umbelina Roza
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