O MUNDO É UM MOSAICO DE PONTOS DE VISTA. APRENDEMOS MUITO COM OS PONTOS DE VISTA DOS OUTROS, E PERDER NEM QUE SEJA UM PEDAÇO DESSE MOSAICO É UMA PERDA PARA TODOS NÓS.
(DAVID CRYSTAL)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Plano de ação

Mês da cidadania
Desconstruindo o preconceito e a discriminação
no contexto escolar
                                                                     *Arine Rodrigues Alves

Objetivo:
          Com o auxílio da Sociologia e da Filosofia fazer da escola um ambiente de conscientização sobre a importância de exercer o respeito ao direito de igualdade de todo cidadão. Com o objetivo de modificar, através da nova geração que ali está sendo formada, o pensamento discriminativo e preconceituoso historicamente construído, que determinou as “diferenças” entre homens e mulheres na sociedade.

Justificativa
           O mundo vive um momento de intensa globalização e desenvolvimento tecnológico, onde as distâncias, virtualmente, conseguem ficar cada vez menores, o acesso às informações estão mais disponíveis e velozes.  É uma sociedade pragmatista, onde as coisas se modificam e inovam-se em questão de segundos. Porém, mesmo com toda essa evolução, pensamentos historicamente construídos, como as diferenças entre os homens e mulheres, continuam enraizados na sociedade e disseminando a discriminação de geração em geração.
           Em primeiro lugar, é necessário entender que a sociedade ao longo do tempo e de sua história, construiu formas de representar o homem e a mulher, que não estão baseadas na anatomia de seus corpos, sexo, mas nos significados e características que indicam o ser homem e o ser mulher. Esta forma de representação denomina-se gênero, um conjunto de fatores construídos por meio de relações socioculturais que revelou a sociedade os parâmetros de masculino e feminino.
        Segundo informações obtidas no site http://www.educared.org, a compreensão do conceito de gênero possibilita identificar os valores atribuídos a homens e mulheres bem como as regras de comportamento decorrentes desses valores. Assim, ficam perceptíveis:
  •  a interferência desses valores e regras no funcionamento das instituições sociais, como a escola;
  • a influência de todas essas questões na nossa vida cotidiana; 
  • a possibilidade de se ter maior clareza dos processos a que estão submetidas às relações individuais e coletivas entre homens e mulheres.
           Outro fator importante relacionado ao gênero é a cidadania. As mulheres foram, durante muito tempo, excluídas de direitos como freqüentar a escola, ao voto, trabalhar sem autorização de um membro masculino da família, entre diversas outras privações. A função atribuída às mulheres era o cuidado do lar e a reprodução.
           A educação tem um papel extremamente importante na construção de uma sociedade livre de qualquer tipo de preconceito e discriminação. O ambiente escolar é o “ponto de encontro” entre várias culturas, onde existe uma grande concentração de diversidade. Discutir as questões de gênero na escola é desvendar e mostrar as discriminações e preconceitos associados ao gênero, com o objetivo de garantir o pleno exercício da cidadania.
           A escola tem o dever de intervir impedindo que a prática se prolifere. Mas, para que esse objetivo seja alcançado, é preciso que os profissionais da educação sejam capacitados para melhorar o ambiente escolar e as relações interpessoais. E como afirma Cleo Fante (2005), ao falar de um tipo muito comum de discriminação que vai além dos gêneros, chamado Bullying, deve-se promover na escola a solidariedade, a tolerância e o respeito às características individuais, utilizando estratégias adequadas à realidade educacional que envolva toda a comunidade escolar. É utilizar a educação para interromper esse processo, que acarreta a perpetuação de uma cultura de desigualdades.
          No ambiente escolar é possível verificar os vários papéis que os gêneros representam, disfarçados entre os conceitos de feminino e masculino. As brincadeiras na escola ajudam a discernir as condutas de gênero historicamente construídas, onde meninos se aproximam de brincadeiras de luta, futebol, enquanto as meninas brincam de bonecas e de casinha, fato que lembra o ambiente caseiro, o trabalho doméstico. Uma manifestação diferente dessas condutas no ambiente escolar entre os alunos pode causar discriminação e brincadeiras maldosas. É preciso mudar esta realidade.
           Cabe ao educador não definir os gêneros impondo comportamentos, ele deve incentivar os indivíduos em construção, a fazerem suas escolhas de acordo com suas vontades, para definir sua personalidade e sexualidade de acordo com suas próprias convicções e escolhas. Nem todos os meninos gostam de brincadeiras de luta, ou todas as meninas gostam de casinha. Existem aquelas que já têm uma pré-disposição para o trabalho e este fato não significa que em suas relações afetivas vão optar por relacionar-se com pessoas do mesmo sexo.
         Muitos talentos são reprimidos por essa hierarquia de gênero. O Brasil é o país do futebol, esporte visto predominantemente como masculino, dos gramados à torcida, mas o talento incontestável brasileiro, eleito diversas vezes melhor do mundo, é uma mulher chamada Marta. E mesmo assim, por aqui o futebol feminino não é tão exaltado. É preciso entender e fazer entender que não existem “para meninos e o para meninas”, todos tem direitos iguais de fazer suas escolhas de conduta e comportamento.
           O Brasil vive um momento extraordinário na luta pela quebra dessas desigualdades, posições antes ocupadas por homens e em instituições aparentemente voltadas para o público masculino estão sendo geridas por mulheres. Dois grandes exemplos desse momento merecem destaque: Patrícia Filler Amorim (Presidente do Clube de Regaras do Flamengo) e Dilma Vana Roussef (Presidente da República).
           É preciso fazer a população masculina, desde meninos, entender que se as despesas podem ser divididas com as mulheres, cabe aos homens também dedicar um pouco do seu tempo ao trabalho de casa, o que ocorre com pouca freqüência. Segundo Sorj (2007), os homens casados agora contam com a ajuda das mulheres em seu papel de sustentar o lar, mas estes não dividem o seu tempo com as atividades domésticas.
           Por mais que muito já tenha sido dito sobre as diferenças construídas ao longo da história para rotular homens e mulheres, a sociedade continua educando seus pequenos em uma cultura de diferenciação de gêneros. Criam-se estereótipos para homens e mulheres, que influenciam em suas personalidades.
           O momento de desconstruir diferenças é agora. A escola deve junto com a família, instruir esse ser em formação para entender que essas diferenças de gênero existem, mas que não devem estabelecer condutas, padrões de vida, de moral. É preciso aproveitar as conquistas e as posições que a mulher alcançou na sociedade para mostrar que homens e mulheres podem exercer as mesmas funções, ambos podem capacitar-se e serem profissionais, pais de família, amigos, sujeitos autônomos com direitos e deveres não só adquiridos, mas efetivamente exercidos e respeitados.

 Descrição
           O plano de ação envolve e beneficia toda a escola, porém as turmas de 2º ano do Ensino Médio terão uma maior participação, pois em Sociologia seu eixo no Novo Currículo Escolar, presente no site da SEDU, entre outros temas, engloba trabalho, cidadania e sociedade, assuntos que estão intimamente presentes nas questões de discriminação de gênero. Para melhor execução do plano e não atrapalhar a carga horária de outras disciplinas, também serão utilizadas aulas de Filosofia.
           Serão desenvolvidas quatro atividades ao longo de um mês, contabilizando um total de nove hora/aulas divididas entre as disciplinas de Filosofia e Sociologia, visto que cada uma destas só possui uma hora/aula por semana.

Atividade I:
           Os alunos assistirão ao filme Se Eu Fosse Você. Segundo dados da Wikipedia, é um filme brasileiro de 2005, do gênero comédia romântica, dirigido por Daniel Filho e estrelado por Glória Pires e Tony Ramos, que retrata as diferenças de gêneros e as funções distintas que estes recebem na sociedade. O objetivo é utilizá-lo como abertura para a inclusão do tema.

Atividade II:
           Os alunos farão uma observação no lar. Deverão anotar as atividades, funções e formas de agir, pensar e reagir de um indivíduo do sexo feminino e outro do masculino, preferencialmente seus responsáveis, durante um dia.  Com base nas informações obtidas, ele deverá construir uma redação que relate cada item observado e faça uma comparação entre os dois gêneros. A redação não precisará da identificação do autor, pois será feita uma troca entre os demais alunos e estas serão utilizadas em uma atividade posterior.

Atividade III:
          Os alunos serão levados ao laboratório de informática e à biblioteca para pesquisarem sobre algumas mulheres importantes na história do Brasil e na atualidade. Definidas as personagens, deverão como atividade extraclasse, pesquisar em jornais, revistas e internet, figuras e fotos destas mulheres para levar e confeccionar cartazes na sala de aula. Estes serão pregados nos corredores para que os demais alunos da instituição também possam obter informações sobre estas grandes mulheres.

Atividade IV:
  • Com base em todas as informações obtidas e colhidas através das observações nos lares, após a entrega e redistribuição aleatória das redações, será promovido pelos alunos do 2º EM um debate no auditório, com a presença de todos os alunos da instituição. O objetivo será listar e identificar os comportamentos, modos de pensar, agir e reagir predominante nos ambientes aos quais os alunos estão inseridos e discutir sobre eles. 
  •  Será promovida uma palestra, aberta a toda escola, com um Gestor de Políticas públicas em Gênero e Raça ou em formação, com o objetivo de reforçar a importância de erradicar a desigualdade de gêneros na sociedade.

Avaliação
       O projeto será avaliado de forma contínua, desde o seu início até o seu término, observando as mudanças nos modos de agir, reagir e pensar dos alunos entre os diferentes gêneros.  Ao final será realizada uma avaliação em forma de conversa em sala de aula, onde os alunos terão a oportunidade de relatar o que aprenderam e listar exemplos de preconceito e discriminação que passaram a observar após as informações obtidas.

Recursos físicos e humanos
  • Aparelho de DVD
  • Aparelho de TV 
  •  Laboratório de informática
  • Internet
  • Sala de aula
  • Cartolina
  • Jornais e revistas
  • Canetas esferográficas, canetas hidrocor, cola e tesouro
  • Palestrante
  • Alunos
  • Professores
  •  Auditório
  • DVD (Se eu fosse você)

Cronograma
           O plano terá previsão de nove horas/aulas para ser executado, excluído o tempo do planejamento.

Cronograma com base no mês de outubro de 2011
Dias
   29/09 à 30/09
   03  
  04 e 10
 11 e 17
   18
    24 e 25
        31
Planejamento


     X









Execução (Início)



  X






Atividade I




  X




Atividade II





 X



Atividade III






 X


Atividade IV






     X

Avaliação







    X



População beneficiada
           O plano de ação é voltado para o ambiente escolar. Participarão ativamente os alunos do 2º EM, porém todos os alunos e profissionais da instituição serão beneficiados. Além de oferecer benefícios em longo prazo a toda a sociedade.

Referências Bibliográficas

FANTE, Cleo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Verus, 2005.228p.

CONGOLINO, M.L. Sexualidades y Estereotipos Raciales en un Grupo de Estudiantes de La Universidad Del Valle. Dissertação (Magíster en sociología), Facultad de Ciencias Sociales y Económicas, Universidad del Valle, Cali, 2006





http://www.educacao.es.gov.br acesso em: 29 set.2011


SORJ, B.; FONTES, A. & MACHADO, D.C. Políticas e Práticas de Conciliação entre família e trabalho no Brasil. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132: 573-594, São Paulo, Fundação Carlos Chagas, 2007.

* Pedagoga, licenciada em Educação Infantil, Séries Iniciais do Ensino Fundamental e Matérias Pedagógicas do Ensino Médio e Gestão de processos escolares e não escolares pelo Centro Universitário Fluminense/ Faculdade de Filosofia de Campos – UNIFLU/FAFIC. arinealves@yahoo.com.br
                           
                                                    Por Arine R. Alves

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